Discurso do Presidente
- Senhora Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores – Excelência
- Exmo. Senhor Diretor Regional do Turismo em representação de Sua Excelência o Senhor Presidente do Governo Regional dos Açores;
- Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal da Horta;
- Exmo Senhor Presidente da Assembleia Municipal da Horta;
- Exmo. Senhor Presidente da Assembleia de Freguesia do Salão;
- Exmo. Senhor Presidente da Assembleia-geral dos Ex-Combatentes do Faial;
- Restantes autoridades civis e militares;
- Homenageados;
- Órgãos de comunicação social;
- Convidados;
- Minhas senhoras e meus senhores:
Em nome da Freguesia do Salão, dou-vos as boas-vindas à nossa freguesia e desde já agradeço a presença de todos.
Honra-nos a vossa presença e orgulha-nos o facto de congregarmos neste espaço, autoridades civis e militares, para homenagearmos os combatentes Saloenses da Guerra do Ultramar, no período compreendido entre 1961 e 1974.
Hoje estamos aqui para celebrar nem uma ideologia nem uma política. Não viemos nem para comemorar vitórias nem para lamentar derrotas.
No período de confrontos entre as Forças Armadas Portuguesas e as forças organizadas pelos movimentos de libertação das antigas províncias ultramarinas de Angola, Guiné-Bissau e Moçambique, também marcaram presença mancebos Saloenses, mais concretamente estes cujos nomes estão gravados nesta placa que acabámos de descerrar.
Felizmente quis o destino que todos os que desta freguesia partiram para a Guerra Colonial, voltassem sãos e salvos, o que infelizmente não aconteceu a muitos jovens, audazes combatentes de outras localidades do nosso País e das nossas Regiões Autónomas, que tombaram nessa devastadora guerra e que todos nós ainda hoje recordamos com profundo pesar.
Estamos aqui neste dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, assinalado em muitos locais do nosso País e até noutros países, nomeadamente, Canadá e Reino Unido, para relembrar e homenagear, talvez com comoção, mas elevemos a nossa alegria com a coragem destes Saloenses que combateram na Guerra do Ultramar, e com eles partilhemos a felicidade deste encontro.
A passagem dos anos torna este momento muito importante e significativo. O tempo pode esbater as circunstâncias concretas dos feitos que recordamos, mas realça e torna mais nítidos o esforço e a entrega dos que outrora combateram.
Jovens que saíram, alguns pela primeira vez, das suas casas, que deixaram a família, os amigos, as namoradas, enfim o seu meio social, e que após alguns meses de instrução, são posteriormente renegados para terras longínquas de Angola, Moçambique e Guiné para lutarem pela Pátria Portuguesa.
Fica-me na memória o relato de um Saloense, alistado para seguir para a Guiné-Bissau. Disse-me ele que a despedida e o “virar as costas” à sua ilha foi o momento mais doloroso que teve de enfrentar.
Depois, uma vez embarcado para prosseguir a sua viagem, quanto mais o navio se afastava da sua ilha, cada vez mais a sua mente era assaltada por uma certeza, a incerteza do destino e, fortemente atormentado pelos relatos das minas, da guerrilha, das emboscadas, e das muitas vidas ceifadas, interrogava-se se um dia voltaria à sua freguesia são e salvo.
Nas províncias ultramarinas e no cumprimento da sua nobre missão, em defesa da sua Pátria, tiveram que enfrentar situações de grande adversidade e muitas vezes de grande perigo, como é próprio de um cenário de guerra.
Muitas vezes as suas almas sangravam por temor e angústia, principalmente quando nos agrupamentos que seguiam caíam nas emboscadas e viam vidas a ser ceifadas pelas armas inimigas.
Por isso aqui estamos para homenagear estes combatentes, que defenderam a sua e nossa pátria, e enalteceram o nome da nossa freguesia.
- Senhora Presidente da Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores – Excelência;
- Exmo. Senhor Diretor Regional do Turismo em representação de Sua Excelência o Senhor Presidente do Governo Regional dos Açores;
- Exmo. Senhor Presidente da Câmara Municipal da Horta;
- Exmo Senhor Presidente da Assembleia Municipal da Horta;
- Exmo. Senhor Presidente da Assembleia de Freguesia do Salão;
- Exmo Senhor Presidente da Assembleia Geral dos Ex-combatentes do Faial;
- Restantes autoridades civis e militares;
- Minhas senhoras e meus senhores:
O 25 de Abril de 1974 é uma data marcante para o Povo Português, que assistiu a uma mudança de regime. Através do MFA (Movimento das Forças Armadas) a ditadura, caracterizada pela negação à liberdade de expressão, pela censura, proibição de partidos e movimentos políticos, interdição à greve, despedimento facilitado, a vida cultural apertadamente vigiada, a perseguição e punição violenta da PIDE contra quem se opunha ao regime, foi derrubada. A guerra do ultramar, caiu e deu-se uma enorme viragem na história e na vida de todos os Portugueses. Portugal passou a viver numa democracia e os portugueses iniciaram o caminho da liberdade e abandonaram a ideia do império com a libertação das colónias portuguesas em África, pondo fim ao martírio que atormentava as famílias que viam os seus filhos partirem para a guerra, perante a incerteza de um regresso feliz.
Termino, uma vez mais agradecendo a todas as autoridades a sua presença, e aproveitando para vos transmitir que é com imensa alegria que a Junta de Freguesia do Salão aqui está para convosco homenagear estes combatentes da Guerra Colonial. Aproveitava ainda para saudar os que estão emigrados e que também passaram pelas mesmas situações e por isso esta homenagem também é para eles.
Lembrar também os combatentes Saloenses que já não estão entre nós, que infelizmente já nos deixaram pois eles também merecem ser lembrados nesta hora porque também fazem parte deste grupo de homens que outrora lutaram pela nossa Pátria.
Por último agradeço ainda à Delegação da Secretaria Regional do Turismo e Transportes na Horta, na pessoa do Sr. Delegado Dr. Nuno Pacheco, pela colaboração na elaboração desta estrutura para colocação da placa que acabámos de descerrar.
Bem hajam e obrigado.
Boa Tarde.
